Sexta-feira, 18 de Dezembro de 2009

O Governo aprovou ontem, em Conselho de Ministros, a proposta de lei para permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Finalmente. Juntamente com o referendo sobre o aborto, esta foi uma das discussões mais aborrecidas que tivemos de suportar. Ainda bem que isto acabou e dou as boas-vindas aos casais homossexuais ao fascinante mundo do matrimónio. Próxima etapa: convencer as confissões religiosas tradicionais que uma pessoa também pode amar alguém do mesmo sexo e amar a Deus ao mesmo tempo. Vai ser difícil, mas não desesperem. O tempo dá sensatez a toda a gente. Mas antes de conquistar o mundo monoteísta, há ainda outras batalhas a ganhar. Por exemplo, a adopção, que, embora não perceba por quê, não está incluída no pacote casamenteiro. O diploma exclui a possibilidade de estes casais poderem adoptar crianças. É aberrante pensar que o Estado autoriza duas pessoas a contrair os laços do casamento na condição de estarem proibidos de adoptar crianças. Se ante a lei é um casamento, este deve incluir todos os deveres e direitos, senão não é um casamento. É uma espécie de associação legal similar a um negócio ou a uma empresa qualquer. Se eu fosse o deputado Miguel Vale de Almeida, cara visível da comunidade atingida por esta lei, revoltava-me e sugeria que guardassem esta lei nas intimidades dos deputados que a redigiram. A história da humanidade foi feita com filhos de heterossexuais. Já tivemos de tudo: boas pessoas, sádicos, místicos, fanáticos, valentes e cobardes. Quem julgue que um casal homossexual pode criar alguma coisa diferente do que já conhecemos está enganado. Mas se por acaso um tal casal produzisse um espécime humano diferente, não teria nada contra. Pior do que tivemos até agora é que é impossível. Fora isso, tudo bem.



Publicada por Carlos Quevedo às 23:11
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Comentários:
De Liliana a 19 de Dezembro de 2009 às 12:47
Adorei o racicínio


De MM a 22 de Dezembro de 2009 às 00:35
Fico triste com tanta opinião. Está na moda esta onda fundamentalista contra tudo o que é feito, ainda que seja 100% contra o tema que aqui se discute. Como é possível estar contra tudo o que é/foi instituído como "regra" para uma possível convivência entre povos e não entender a evolução das sociedades e dos seus costumes. As regras, as leis, os hábitos e as intolerâncias evoluem. Opiniões destas, que aparentemente por elas ficam, e as constantes críticas destrutivas que se têm vindo a ler e ouvir nos mais variados meios de comunicação são um entrave à evolução humana. Tudo o que é demais é sinal de pouca inteligência! É mais preconceituosa a "vossa" posição perante os meus ideais que "minha" falta de compreensão perante a vossa luta. Tal como diz algures num blog que "merece ser plagiado", estes textos não me parecem exercícios intelectuais sérios.


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