Quinta-feira, 20 de Maio de 2010

Às vezes sinto uma certa inveja dos jornalistas e comentadores que têm fontes muito bem informadas. Fontes que dão pormenores impossíveis de confirmar mas que fazem todo o sentido e explicam algumas coisas. Por exemplo, a chanceler alemã mudou de ideias a respeito da ajuda financeira à Grécia depois de uma reunião com o presidente francês Sarkozy. Oficialmente foi uma reunião em que chegaram a um acordo sobre a gravidade da situação. Cá por mim, fico contente. Dias depois li nalgum sítio que Sarkozy ameaçou a sua congénere germânica que ia retirar a França da União Europeia se não se fizesse alguma coisa contundente ante o problema grego. Eu até gosto da imagem do pequenino Sarkozy a gritar histérico, ou mesmo a falar baixinho como um verdadeiro sacana chantagista, a dizer à valquíria Angela que se ia embora porque assim não quer, não gosta e fica chateado. Ambas as versões funcionam. Não há inquérito parlamentar que possa descobrir o que realmente se passou. Com Sócrates aconteceu o mesmo quando foi a Bruxelas. E alguém afirmou que o que aconteceu foi que levou um raspanete. É provável. Mas também é possível que tenha sido só convidado, talvez com firmeza, a colaborar com mais entusiasmo nas contas comunitárias devido aos duros tempos que os gregos estão a passar. Agora, e também com o nosso primeiro-ministro, correram informações preocupantes sobre a sua viagem a Madrid para a cimeira da União com os membros do Mercosur. Que teve uma discussão forte com o seu melhor amigo da Europa, Zapatero; que chegou tarde a uma reunião porque estava zangado; que não quis ficar no lugar que lhe correspondia na fotografia habitual no final da cimeira e coisas assim. É verdade que Sócrates estava com um ar trombudo, mas também é compreensível depois da reunião de Bruxelas. Ter chegado tarde parece-me mal-educado, mas nunca diria que se devia a um ataque de fúria. Não ter ocupado o seu lugar na fotografia, como prova do seu mau humor, seria uma atitude infantil que nunca o nosso chefe do Executivo poderia adoptar. Só pessoas com intenções dúbias podem interpretar estas pequenas ocorrências como sinais de amuo ou irritação de José Sócrates. Por isso repito que deve ser bom ter acesso a informações privilegiadas. Mas, se fazem favor, não efabulem histórias mirabolantes sobre chefes de estado coléricos. Fora isso, tudo bem.



Publicada por Carlos Quevedo às 23:09

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