Quinta-feira, 24 de Junho de 2010

Macário Correia, presidente da Câmara de Faro, assinou um despacho interno ameaçando os trabalhadores com "falta injustificada" para quem fosse detectado a fazer pausas demasiado longas para o café. Tendo em conta os tempos difíceis que vivemos, é uma notícia refrescante. Por mais graça que encontremos nela, a história ensinou-nos a não subestimar Macário. Lembro-vos que nos tempos já longínquos em que o nosso presidente da República era primeiro-ministro, ele era Secretário de Estado do Ambiente. Há 25 anos, o Ambiente só era uma secretária de estado, agora é um ministério. Nessa época podíamos fumar em qualquer lugar do território português e quase todos os portugueses fumavam. Ele foi o primeiro a iniciar uma cruzada contra o vício. Se calhar, foi um bocado misógino com a tirada de que beijar uma mulher fumadora era como beijar um cinzeiro, mas tem a desculpa de Macário ser jovem e talvez virgem ou as mulheres que fumavam não lhe ligarem nenhuma, sei lá e também não interessa. Contudo, vejamos que a sua luta foi continuada pelo governo socialista. Mas tudo começou com este obscuro ciclista social-democrata antitabagista. Hoje, os fumadores podem ser denunciados à polícia, amanhã, as mulheres que fumam ficam virgens ou são abandonadas. A mensagem macarista triunfou. Agora os inimigos são os bebedores compulsivos de café. Eles retardam o bom funcionamento das instituições. Não tenho dúvida de que o governo de Portugal seguirá o exemplo camarário. Todos ganhamos com isso. Com certeza os funcionários vão estar com um ar mais dorminhoco. Se calhar até bocejam no meio das nossas dúvidas expostas nos balcões de atendimento. Até é provável que levem mais tempo a perceber os nossos problemas ou mesmo a resolvê-los. Em contrapartida, serão menos impacientes, estarão menos agressivos. Se tivermos sorte e a iniciativa de Macário Correia tiver o mesmo sucesso de a sua luta outrora contra os fumadores, vamos poder ter um Portugal livre de cafeína. Será que daqui a pouco, Macário Correia empreenderá uma luta ainda mais ambiciosa? É sabido que o álcool só faz mal à eficiência laboral. Macário sabe que o que Portugal precisa é duma Lei Seca. Estamos à espera de quê? Fora isso, tudo bem.



Publicada por Carlos Quevedo às 23:07
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