Quarta-feira, 22 de Setembro de 2010

Antes de anunciar o estado em que me encontro devo esclarecer que sei tanto de latim como qualquer pessoa normal. Quero dizer, muito pouco ou nada. Mas graças a Deus e à humanidade culta, existem os dicionários. Com o devido agradecimento, posso dizer que fiquei literalmente perplexo ao ler a notícia da saída de Manuel Maria Carrilho da embaixada da UNESCO. Em latim, perplexo significa emaranhado e é assim que me sinto: totalmente emaranhado. Passo a relatar a causa do meu emaranhamento. Segundo a imprensa, a razão do afastamento do cargo de embaixador deve-se ao facto de Carrilho não ter cumprido as instruções de Luís Amado de votar no embaixador egípcio Farouk Hosny para o cargo de director-geral da UNESCO. Segundo a editora do último livro de Manuel Maria – espero que não leve a mal que o trate pelo nome, mas repetir Carrilho fica literariamente mal – foi por causa, curiosamente, da publicação de E Agora? Por uma nova República. Esta obra é uma análise das causas e dos efeitos da actual crise e reúne textos publicados no Diário de Notícias nos últimos três anos. Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros, a saída está enquadrada no tempo "normal" de permanência neste tipo de funções que é, "em regra, entre dois anos e meio e quatro anos". Três explicações diferentes ou razões atendíveis, como diria Paulo Teixeira Pinto, para um só despedimento. Do meu ponto de vista totalmente desinteressado sobre o assunto, qualquer das três explicações justificariam a exoneração de Manuel, não quero repetir o Maria. A mim já me demitiram por menos. Seja como for, o cargo de embaixador na UNESCO é político, nomeado pelo governo. Conheço casos de mulheres e homens que gostam de ser mal tratados, não digo fisicamente, embora também. Mas por mais que o nosso primeiro-ministro tenha um ego invejável, cheio de convicções messiânicas, não há Moisés que aguente. A ideia de o mandar para Paris sempre foi de o manter ocupado e, ao mesmo tempo, bem tratado. Ó Manuel Maria Carrilho, isso é coisa que se faça? Morder a mão que nos dá de comer é feio. Ou comemos ou nos queixamos, mas ambas as coisas ao mesmo tempo só com muito jeitinho. Fora isso, tudo bem.



Publicada por Carlos Quevedo às 23:13

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