Terça-feira, 2 de Setembro de 2008

A Itália vai investir cinco mil milhões de euros na Líbia para a compensar do trauma da colonização de alguns anos no século passado. Ou seja, há pouco tempo. Há muitas interpretações erradas deste facto. A mais corrente é que faz parte da moda da culpa ocidental muito em voga nas duas últimas décadas. Pensar que Berlusconi pode sentir culpa de alguma coisa é encantador mas totalmente imbecil. A não ser que se queira inflacionar a culpa. A Igreja Católica não pagou tanto às vítimas da pedofilia nos Estados Unidos e, mesmo assim, foram os fiéis americanos que pagaram. A Alemanha, mesmo que tenha pago o dobro, ainda pagou pouco. Outra interpretação é de que tudo não passa de um suborno de Berlusconi para que Kaddafi colabore no controlo da emigração ilegal para a Itália. Não brinquem comigo. Por dez por cento do valor consegue que a máfia resolva o problema. E por metade disso, ainda lhe sai mais barato legalizar os imigrantes ilegais. Por outro lado a Líbia não é exactamente um país indigente. Gostaria de vos lembrar que vinte cinco por cento do petróleo que Itália compra vêm da soalheira Líbia. O que só é uma confirmação da lei darwiniana da sobrevivência dos mais fortes que diz que dinheiro atrai dinheiro. A interpretação menos equivocada é considerar este investimento como um presente para empresários amigos do Presidente italiano com patrióticos desejos de pôr uma lança na África do Norte, coisa totalmente normal e legal em quase todos os países do mundo excepto em Portugal. Este crime é punível no nosso país com uma repreensão nos jornais de ontem e um cargo de embaixador ou coisa parecida no governo de amanhã. Conhecendo Berlusconi como conheço, cheira-me que há uma gaja que o italiano quer impressionar. Porque não? Fora isso, tudo bem.



Publicada por Carlos Quevedo às 23:51
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