A notícia disparatada da semana foi que os novos donos do Manchester City estão dispostos a pagar 165 milhões de euros para contratar Cristiano Ronaldo. O dono do clube é o grupo Abu Dhabi United Group que, como o nome indica, não é português e, julgo eu, não é israelita. Julgo que isto é só uma maneira de fazer marketing dos Abu Dhabi que, aliás, é um bom nome para uma banda de rock. Mas suponhamos que esta brincadeira petroleira era verdade. Seria sem dúvida uma prova de que, em termos económicos, tudo é relativo e de que os árabes não percebem nada de futebol. Até Bill Gates, se gostasse de bola, podia fazer melhor do que os Abu Dhabi. Por exemplo, comprava a selecção espanhola inteirinha para jogar e a selecção argentina, um ou outro brasileiro para ficar no banco, e pronto. Outra alternativa mais inteligente que sugiro aos Abu Dhabi era contratar José Mourinho. Embora tivessem de o controlar. Se não arriscam a que o homem escolha barato e queira aquele defesa esquerdo do Torreirense ou coisa que o valha. Imaginar o futebol, ou seja o que for, como algo susceptível de ser invadido por capitais ilimitados é um pesadelo. Pior que isso: uma eterna noite de insónia aborrecida. Felizmente, no caso do futebol, para não sair do tema, o investimento em grande escala não deu nunca bons resultados: os galácticos do Real Madrid, o Chelsea de Abramovich, o Benfica de Luís Filipe Vieira ou as coristas do Parque Mayer. Bom, este último não conta. Ninguém terá ficado milionário com as revistas, mas sem dúvida divertiu-se mais. A propósito, os Abu Dhabi também são uma prova indiscutível de que essa história dos haréns não traz a felicidade. Fora isso, tudo bem.