Quarta-feira, 15 de Outubro de 2008

As medidas adoptadas pelo Governo para lidar com a crise financeira parecem-me adequadas. Digo isto na minha mais profunda ignorância. Ignorância para saber que o Governo tinha vinte mil milhões de euros ali guardados para cobrir os gastos e ignorância para avaliar se esses vinte mil milhões são suficientes ou se há troco. Seja como for, estamos melhor do que a Islândia que está na ruína. Diga-se de passagem, aconselho a quem tenha um dinheirinho de parte a comprar casas de sonho nesse mítico país. Está tudo em saldos. A Irlanda tampouco está bem: teve de entrar com 205% do Produto Interno Bruto para pagar a festa. Podemos verificar que, pelo menos no papel, há muito boa gente pior do que nós. Isto não nos consola, mas dá para perceber que tanto os irlandeses como os vikings vão ter a vida completamente alterada enquanto nós vamos ter a nossa vidinha igual ao que era antes. Isto é obra da genialidade dos nossos governantes. Reparem que no mesmo dia em que é apresentado o Orçamento do Estado, o Ministério da Finanças anuncia que para cumprir os objectivos de forma a garantir que será atingida a meta de 1500 milhões de euros de cobrança coerciva prevista para este ano, o fisco também vai apreender e vender os carros dos contribuintes com dívidas. Esta directiva foi decidida na formulação do novo orçamento com a recente crise incluída. No ano passado foram penhoras de salários e de habitações. Agora o que está a dar é leiloar carros de devedores. O que significa que já devemos menos. Normalmente uma casa vale menos que um carro. É uma prova de tudo está a correr bem. Além disso, o empenho do fisco para cumprir os seus objectivos significa que a crise não chegou ao povo português. Eles estão convencidos de que temos dinheiro para pagar as dívidas. Não é extraordinário? Isto é que são boas notícias. Fora isso, tudo bem.



Publicada por Carlos Quevedo às 23:11

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