Quinta-feira, 9 de Abril de 2009

A reeleição de Durão Barroso à presidência da União Europeia está despertar sentimentos contraditórios e, em alguns casos, excessivos. O mais curioso é que já todos percebemos que é um lugar na hierarquia dessa organização que serve, fora o salário e as viagens, para muito pouco. Julgo que é dessa perspectiva que o Partido Socialista apoiou, sem paixão mas sem hesitação, a reeleição de Barroso. Ter um presidente da União Europeia a quem se possa dizer “foi porreiro, pá” é simpático. Compreendo essa opinião. Também é compreensível que Manuel Alegre discorde. Por mais mitológica que possa ser a sua posição, esta obriga-o a não fazer concessões à direita seja do que for, nem sequer à direita da calçada da esquina, ou mesmo que seja igual ao litro este presidente como outro qualquer. O que mais me surpreendeu foi a veemência do Dr. Mário Soares. Não conseguia dormir a pensar na razão que levaria a tanta violência verbal contra Durão Barroso. Até que hoje, pelas quatro da manhã, percebi. “O Marocas está apaixonado”, gritei. A minha mulher, a dar uma volta na cama, interrompeu esta minha epifania com um “já te disse que somos só amigos”. Voltando ao nosso ex-presidente. Os sintomas são claros. Dantes acreditava que a América e o Bush eram a causa de todos os males do mundo. Agora não. Desde que descobriu o Obama, mudou completamente de opinião. Obama é agora o seu ídolo, o seu Gandhi americano. Ainda por cima pertence a uma minoria o que dá um je n’ai sais quoi. Mário ama Obama. No entanto, é sempre mau mudar de ideias por causa duma só pessoa. É o eterno problema de estar enamorado. Não conseguimos ser sensatos. Por um lado, odiamos todos os que não gostam do nosso amor. Por outro, não suportamos que outros gostem dele. Eles são uma potencial ameaça à nossa felicidade. Reparem na atitude do Marocas com o Durão Barroso por este ter elogiado Obama. Ficou chocado. Na verdade, ficou cheio de ciúmes. Para dissimular, lembrou ao mundo que Durão antes andou a namorar o Bush, que foram juntos aos Açores e tal, que o Durão é um rosto do passado. O Mário Soares parece um adolescente. Agora, por causa de Obama, até é pró-americano. Do mal, o menos. Fora isso, tudo bem.



Publicada por Carlos Quevedo às 23:45
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