Quarta-feira, 17 de Março de 2010

O presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, decidiu a favor da oposição e tirou um deputado ao PS na comissão de inquérito para saber se o primeiro-ministro mentiu no negócio da compra da TVI pela PT. Parece que isto foi notícia porque ninguém está habituado a que um político que ocupa um cargo de relevo tome uma decisão imparcial, mesmo que prejudique o seu próprio partido. Tudo começou quando o presidente da comissão de inquérito, Mota Amaral, do PSD, fez as contas e descobriu que os socialistas fariam maioria com qualquer partido da oposição, mesmo os mais pequenos, como o PCP e o Bloco. Este número não respeitava a proporcionalidade representativa na Assembleia. Este argumento foi apresentado numa carta enviada a Jaime Gama e Gama concordou. Obviamente, o PS não. Até porque na outra comissão, a tal dos “Magalhães”, o número de deputados era o tal que dava aos socialistas uma maioria relativa superior e ninguém tinha dito nada contra. Isto levou a deputada Ana Catarina Mendes, do PS, a questionar o critério da oposição, que, assim, dependeria do objecto do inquérito. E é aqui que a coisa se torna interessante. O problema não é que o tema do inquérito aumente a exigência da oposição. A comissão parlamentar de inquérito à Fundação para as Comunicações Móveis é presidida pelo social-democrata Miguel Macedo. Esta é a diferença. Mota Amaral é mais inteligente e sabe mais disto que muitos macedos juntos. Jaime Gama também. A esta hora, Miguel Macedo deve estar em casa a gritar: “Como é que eu não reparei! Sou um estúpido! O que é que eu faço?”, enquanto bate com a cabeça na parede. Fora isso, tudo bem.



Publicada por Carlos Quevedo às 23:25
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