Quinta-feira, 6 de Maio de 2010

Está a decorrer em tribunal o julgamento de Miguel Sousa Tavares por atentar contra o bom-nome de Armando Vara. O ex-Administrador da Caixa Geral de Depósitos processou o jornalista por se sentir enxovalhado pelas afirmações ditas e escritas por ele. Estão em causa no processo afirmações de Miguel Sousa Tavares no Jornal da Noite da TVI de Abril de 2007, em que o comentador afirmou que “quando entra em cena Armando Vara, fico logo desconfiado”, acrescentando também que era “muito crítico” em relação a “muitas coisas no passado político” do então administrador da Caixa Geral de Depósitos. Também se sentiu maculado por outras opiniões escritas pelo Miguel. Armando, antigo secretário da Administração Interna, apresentou testemunhas como Almeida Santos e dois ex-colegas e administradores da Caixa Geral de Depósitos. O argumento da acusação parece ser simples. Armando Vara, ex-ministro da Juventude e do Desporto, ascendeu na carreira por mérito e as afirmações proferidas por Miguel Sousa Tavares são injustas. Neste últimos dias estamos a ouvir as testemunhas a favor do processado. Já estiveram o seu ex-patrão José Eduardo Moniz e o seu actual, Henrique Monteiro. E ainda os jornalistas Pedro Pinto, Constança Cunha e Sá, José Manuel Barata Feyo e outros. A defesa do arguido Sousa Tavares é a óbvia e famosa liberdade de expressão, que só chateia quando enxovalha. Como disse Moniz, mas por outras palavras, se o exonerado ex-ministro Vara quer ser avestruz tem de suportar o ovo. Menos subtil esteve Henrique Monteiro, o director do Expresso, que afirmou que as declarações de Sousa Tavares foram banais, e que se não fosse ele qualquer outro poderia ter dito o mesmo. Tenho a certeza, embora neste país nunca possamos saber o que passa pela cabeça de um juiz, de que o polifacético e multifuncional socialista Armando Vara vai ter de se resignar a não receber os 250 mil euros que pediu de indemnização. Por outro lado, se eu fosse Sousa Tavares, processava a sua própria testemunha, Henrique Monteiro. Que o nosso próprio patrão para nos defender diga que somos banais? Que diga num tribunal que a nossa opinião é igual à de outros? Nós, que vivemos de ser o suprassumo da barbatana? Nós, que achamos que somos a última Coca-Cola no deserto? É inaceitável. Miguel, não te deixes enxovalhar. Processa-o. Fora isso, tudo bem.



Publicada por Carlos Quevedo às 23:09
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