Quarta-feira, 1 de Dezembro de 2010

Quando começaram os sorteios do Euromilhões achei que era uma notícia simpática. Os prémios nunca tinham sido tão generosos. E até parecia mais fácil ganhar que no Totobola ou com a clássica lotaria. Pura ilusão, claro. Segundo Albino Linhares, um senhor que fez as contas, as possibilidades de ganhar o primeiro prémio do Euromilhões é uma em 76 milhões 275 mil e 360. Cinco vezes e meio mais difícil que ganhar o Totoloto. No entanto, acredito que é ainda mais difícil. Apesar de em Portugal não nos podermos queixar. Já houve muitos ganhadores portugueses ou que compraram a aposta em Portugal. Julgo que há motivos para o desespero. Para começar, para as pessoas que conheçam ou sejam familiares dos ganhadores. As hipóteses no mesmo círculo de amigos ou dos que têm laços de parentesco com um ganhador devem diminuir ainda mais as probabilidades. Conhecer alguém que tenha ganho é pôr uma pedra sobre o assunto. Um raio não cai duas vezes no mesmo sítio. Dois milionários por acaso não podem viver perto. Cada vez que ganha um português, 9.999.999 de portugueses não só perdem como limitam ainda mais as probabilidades. Como sabem, estou sempre do lado da liberdade de imprensa e do direito a informar e ser informado. Mas pela saúde mental do bom povo português, não deviam dar a informação do sítio onde calhou a chave ganhadora. Quais são as possibilidades de dois portugueses ganharem o Euromilhões consecutivamente? Não sei. Mas devem ser muito poucas. Seriam um pouco mais se fossem alternativamente um espanhol e um português. Estas probabilidades aumentam se o anterior ganhador viver ainda mais longe de Portugal. Neste tempo de crise a esperança é a única que nos mantém vivos. Todos os que julgam que magicamente se vão safar, não devem saber onde está quem lhe ganhou o prémio da semana passada. Imaginemos que foi o vizinho do lado ou o amigo de infância com que não falamos desde os onze anos. Num caso destes é melhor emigrar ou dedicar-se a outra coisa em que a sorte nada tenha que ver. A ignorância pode poupar-nos aos dissabores da fortuna. Fora isso, tudo bem.



Publicada por Carlos Quevedo às 23:51
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