Quinta-feira, 17 de Julho de 2008

Quando ouvi Vítor Constâncio a anunciar as previsões do crescimento económico do Banco de Portugal que vão ser um vírgula dois por cento em vez do um vírgula cinco por cento previsto pelo Governo, respirei de alívio. Com a crise internacional e a especulação com os preços do petróleo, o crescimento até podia ter sido negativo. Estava eu a tentar explicar ao meu sobrinho de nove anos a sorte que nós tínhamos e as subtilezas da economia quando ouvimos o deputado socialista Vítor Baptista a afirmar que a revisão em baixa de um vírgula dois por cento era boa porque o crescimento ainda era positivo. O meu sobrinho olhou para e disse: o tio é deus. Expliquei-lhe que não devia invocar o Seu nome em vão, mas sim, aceito que sei algumas coisas; e agora, disse-lhe, vai-te embora. Estávamos na segunda circular. Mas às seis da tarde os carros estavam parados. Ele já tem idade para voltar sozinho para casa. Eu estava contente por, ao menos uma vez na vida, partilhar a perspectiva da meia garrafa cheia com o socialista Vítor Baptista em vez de disputar a garrafa meio vazia com o social-democrata António Borges e todo o resto da oposição com representação parlamentar. Tive pena pela equipa de economistas de Sócrates que se tinha enganado nas previsões. Coitados. O que é que não vão ouvir do chefe na próxima reunião! É sabido que o Primeiro-ministro não é de pôr paninhos quentes. Sorte a minha que não trabalho para o Zé. Depois lembrei-me do meu chefe. Com estas previsões do Banco de Portugal e com a crise internacional e tal, de certeza que não me ia dar o aumento prometido. Não faz mal. Eu também não ia aumentar o salário a minha empregada. Ficamos quites, disse cá para mim. Estava eu a sair da segunda circular quando percebi que, no meio disto tudo, havia coisas boas. Por exemplo, vai ser óptimo para os bancos e para as empresas financeiras. Haja Deus! Ao menos que alguém se safe. Fora isso, tudo bem.



Publicada por Carlos Quevedo às 23:41
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