Os acontecimentos mais recentes em Inglaterra são para mim uma desilusão. Os trabalhadores ingleses das refinarias estão em luta contra as empresas que contratam trabalhadores estrangeiros. Neste caso particular estes estrangeiros são italianos e portugueses. Ou seja, contra cidadãos da União Europeia. Compreendo que a crise ponha muita gente nervosa. Mas é nestes momentos que não se pode perder o tino. Pelas leis comunitárias actuais do trabalho tanto faz que seja inglês, luxemburguês ou grego. A minha desilusão não é por a classe operária bifa estar revoltada por perder o emprego. Aquilo que me desaponta é que ao contrário de nós, portugueses, não tenham lido o Acto Único Europeu, o tratado de Maastrich, de Amesterdão, de Nice ou, já agora, o de Lisboa. Se os simpáticos trabalhadores das refinarias se tivessem dado ao trabalho de os ler, como fez toda a nossa combativa e ambiciosa classe operária, compreendiam que não dá. Já está feito. É como um casamento: para o bem e para o mal, na riqueza e na pobreza. Não há excepções. Eles julgam que o seu governo pode mudar as coisas. Oiçam, bifes, listen to me. A UEFA, que é como todos sabemos, a organização mais poderosa que os Europeus alguma vez fundaram, não conseguiu. Eles bem queriam que o futebol guardasse certas tonalidades locais como por exemplo, sei lá, que houvesse mais jogadores locais no Chelsea ou no Inter. Quantos ingleses jogam regularmente no Chelsea? Quantos italianos no Inter? A UEFA não conseguiu nenhuma excepção de Bruxelas para a sua cruzada em prol do velho futebol de nativos. Não é preciso dizer que com essa internacionalização, o futebol de clubes europeus nunca esteve num nível tão superior. Se eu fosse um refinador petroleiro inglês, pensaria melhor. É muito provável que o nível da refinação suba com o contributo de estrangeiros cheios de genica para tirar os empregos aos nativos. Fora isso, tudo bem.