Quarta-feira, 18 de Março de 2009

O Papa Bento XVI chegou ontem a Yaoundé, nos Camarões, e depois visitará Angola. Espero que os assessores desta vez tenham feito as pesquisas todas na Internet e o Papa tenha recebido as vacinas necessárias e não haja problemas com o visto em Angola. Os objectivos desta viagem são mais variados do que a comunicação social dá a entender. Os meus colegas, já se sabe, só pensam em sexo e é por isso que aquilo que mais os preocupa é se o Papa vai insistir na abstinência sexual como forma de prevenir a sida ou se vai abrir excepções para o uso da camisinha. Parece que os críticos do Papa só ficariam contentes se houvesse uma enorme manifestação de repúdio dos africanos contra a proibição do uso do preservativo. Imagino nas aldeias perdidas dos Camarões profundo as pessoas a protestar massivamente contra a abstinência sexual ou a dançar na rua ao som típico da África subsariana, o con-dom, con-dom (som depois utilizado pelos ingleses para denominar os profilácticos de borracha) e a cantar: “con-dom, con-dom, queremos camisinhas, laralara lara”. Não é preciso lembrar que o Papa é católico e que é normal que fale do assunto se o obrigarem. Não porque não se importe com essa terrível doença mas porque os bons católicos africanos devem apenas redobrar os esforços para manter a castidade que faz parte do contrato da Igreja com o seu povo. Senão, além de pecarem podem apanhar com ela. Ninguém pode por isso estar à espera que o Papa mude de posição no assunto do preservativo. Seja como for, as directivas papais só se dirigem a 17% da população africana de católicos. Não vem nenhum mal ao mundo que 140 milhões de africanos cumpram as regras eclesiásticas. Sobram pelo menos mais de mil milhões para fazerem o que lhes apetecer desde que não seja com católicas nem católicos. Fora isso, tudo bem.



Publicada por Carlos Quevedo às 23:12

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