Segunda-feira, 15 de Junho de 2009

Ante a pergunta, o que pode fazer o engenheiro José Sócrates para mudar a tendência eleitoral mostrada nas últimas eleições para o Parlamento Europeu, todos os notáveis, excepção feita a Vasco Pulido Valente, dão a mesma resposta: o primeiro-ministro tem de deixar de ser arrogante. Nunca pensei que os portugueses fossem tão sensíveis. Estava convencido de que entre Eça de Queiroz e Miguel Esteves Cardoso já estivesse tudo dito. No entanto, nenhum observou a sensibilidade de menina do povo português. Ou de menino, que não quero ofender as raparigas. Como desculpa, acredito que este aspecto dos portugueses, não sendo novo, começou a expressar-se não há muito tempo. A humildade, como a virtude mais desejada ou mesmo exigida é relativamente recente. A sua popularidade entrou no top da moral portuguesa aquando da entrada rompante de José Mourinho no reduto de todos os lugares comuns e primitivismo do intelecto, que é o futebol. Daí a passar ao universo político foi só preciso mais um campeonato ganho pelo Futebol Clube do Porto com o arrogante do Zé. A partir dali, paradoxalmente, o único arrogante com licença para arrogar, foi o Scolari. Curiosamente, nem por ter acabado em segundo lugar no Euro em Portugal, a sua arrogância foi um empecilho para continuar a mal arrogar e muito bem pago. Depois veio o nosso Sócrates. Que, no fundo, é mais parecido com Scolari que com Mourinho. Sócrates é como é e só pode fazer o que acredita sendo como é. É agressivo? É. É chato? É. Acha que está sempre certo? Acha. Estamos fartos? Estamos. Mas a arrogância é insignificante no meio de tudo isto. As boas maneiras não são para aqui chamadas. O que interessa são as suas decisões. Apenas e só. Se concordamos com elas, pode, para nós, arrogar à vontade. Senão, mesmo que se vislumbre um outro Sócrates, mais dialogante e menos inflexível, mesmo que exima de impostos toda a população portuguesa ou comece a ver religiosamente a TVI ou humildemente se vista na Almirante Reis, continuaremos a não gostar dele. Ou como diria o outro, não é a arrogância. É a política, estúpido. Fora isso, tudo bem.



Publicada por Carlos Quevedo às 23:14
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Comentários:
De ana cristina leonardo a 18 de Junho de 2009 às 13:24
Ou como diria o outro, não é a arrogância. É a política, estúpido.

Tens toda a razão! Só acrescentaria um PS.: um génio pode ser arrogante à-vontade, um estúpido não.


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